I. Diversidade de Défices, Desenvolvimento Desigual
Em consequência dos sucessivos pacotes de austeridade - que estão a reduzir cada vez mais os rendimentos das famílias, a restringir cada vez mais o acesso ao crédito e a provocar cada vez mais falências e mais desemprego -, Portugal entrou em recessão no último trimestre de 2010 e em recessão continua três semestres depois, num dos piores desempenhos da UE27.
As perspectivas para o próximo ano são bastante desanimadoras: nas suas "Previsões de Outono", em que assume um crescimento fraco na maioria dos países europeus, a UE prevê uma recessão agravada em Portugal (quebra de 3% no PIB), acompanhada de perto pela recessão grega, estimada em 2.8% do PIB.
A recessão em que Portugal mergulhou é indissociável da intenção de forçar o cumprimento de metas orçamentais que, depois de (mal) negociadas com a "Troika", ficaram assim definidas em Maio passado: 5.9% do PIB em 2011, 4.5% do PIB em 2012 e 3% do PIB em 2013. O quadro seguinte mostra que a UE prevê o cumprimento das "nossas" metas orçamentais em 2011 e 2012 (em 2011 com uma pequena folga de 0.1% do PIB, em 2012 mesmo à justa); prevê também que - se não forem introduzidas medidas de austeridade adicionais - haverá um incumprimento ligeiro (0.2% do PIB) em 2013. Este quadro mostra também que essas metas orçamentais são ainda mais duras de roer que as "metas" de muitos parceiros europeus, nomeadamente a França e o Reino Unido, dois países com "rating" AAA.
II. Dádivas de Dilma?
A cimeira europeia de Outubro não conseguiu impedir que os juros implícitos da dívida pública voltassem aos incendiários níveis de Julho nos países do sul da Eurolândia, e até os ultrapassassem:
Esperavam alguns que, na reunião do G20, fosse anunciada uma forte ajuda financeira dos principais Países Emergentes à Europa em crise (Europa Imergente), mediante contribuições directas para o FEEF.
Eis o que disse Dilma Rousseff, a "Presidenta" que, de alguma forma, falou pelo conjunto dos Emergentes:
A propósito, vejamos o que os responsáveis chineses pensam da dívida pública portuguesa:
III. Derrubados
O derrube dos que lideravam os cinco PIIGS no início de 2011 é indissociável do afundamento dos respectivos países, no contexto da "crise das dívidas soberanas" que afecta a Zona Euro desde o início de 2010. Sob estas lideranças - e também sob as lideranças subsequentes -, os cinco PIIGS mostraram-se sempre completamente incapazes de assumir a posição negocial conjunta que se impunha, face às instituições da UE, ao "eixo Berlim-Paris", ao FMI ... e aos representantes dos famigerados "mercados financeiros". Pelo contrário, imperou o "salve-se quem puder": "Portugal não é a Grécia", "A Espanha não é Portugal", etc.
IV. Darwinismo
V. Deutschland
O presente...
Deutschland ist ein föderalistischer Staat in Mitteleuropa
... e o que o futuro nos reserva. Talvez assim...
Euroland ist ein föderalistischer Staat in Europa
...ou assim:
Euroland ist ein föderalistischer Staat in Europa
VI. Deauville
Há um ano, em Deauville
Nord Stream
Foi em 2005 que a "Europa Ocidental" (leia-se: "Alemanha, França e Holanda") e a Rússia se entenderam sobre a construção do gasoduto Nord Stream.
A cerimónia de abertura teve lugar há poucos dias:
Rússia na WTO (World Trade Organization)
Também há poucos dias foi, finalmente, desbloqueado o acesso da Rússia a esta "Organização Mundial do Comércio", dez anos depois de a China ter logrado o seu próprio acesso:
Rússia vs PIIGS
População (milhões de habitantes)
VII. Défice Democrático
A "Troika" acaba de aprovar a execução do programa de "ajustamento" que preconizou, libertando por isso mais uma "tranche" do empréstimo prometido. A "Troika" fez questão de aprovar também, com rasgados elogios, o OE2012 proposto pelo Governo PSD/CDS, presumivelmente para esvaziar a discussão parlamentar em curso, transformando-a numa mera formalidade. Deu também alguns recados...
Tudo indica que, para a "Troika", há muita coisa que não tem de ser tomada à letra no Memorando de Maio. Contudo, tudo indica também que, para a "Troika", há uma coisa que tem mesmo de ser tomada à letra (caso contrário, cessarão os pagamentos do empréstimo prometido): o rigoroso cumprimento das metas de 5.9%, 4.5% e 3% do PIB, respectivamente, em 2011, 2012 e 2013, no que diz respeito ao défice orçamental.
A esmagadora maioria dos portugueses está contra este orçamento, não apenas os que vão participar na Greve Geral do próximo dia 24. A Esquerda representada no Parlamento (PCP/BE/PEV) está contra, como seria de esperar. Tal como o Presidente da República e muitos "notáveis" do PSD/CDS, o Partido de Seguro anuncia que tem sérias reservas, mas a verdade é que está "amarrado" às metas do Memorando da "Troika" - que Sócrates negociou e assinou - e, não querendo parecer "co-responsável", também não quer parecer "irresponsável". O PS (Partido de Seguro,
Partido de Sócrates) vai "pelo seguro". Embora "violentamente", o PS vai abster-se.